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20 Agosto 2021

Carta do Ministro geral em comemoração ao 80º aniversário da morte de São Maximiliano M. Kolbe

Escrito por 

18 de agosto de 2021290

Prot. Nr 0687/21 Roma, 9 de agosto de 2021

 

Carta comemorativa por ocasião do 80º aniversário da morte de São Maximiliano M. Kolbe e 50º de sua beatificação.

A todos os irmãos da Ordem

A todos os peregrinos

 

"Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus permanece Nele. " (I João 4,16)

 

Queridos irmãos,

                A memória do 80º aniversário da morte de São Maximiliano Maria Kolbe e do 50º da sua beatificação são, para nós, um momento de reflexão à luz da sua herança espiritual marcada pelo amor. O seu cativeiro vivido no campo de concentração de Auschwitz, coroado com a sua morte por inanição no bunker, representa para nós a razão histórica que constata a crônica de um itinerário cada vez maior de santidade e amor.

                A escuridão da cela, esclarecida pelo testemunho orante de São Maximiliano e pelas suas palavras de consolação dirigidas aos seus infelizes companheiros de prisão, fazem deste lugar – que é um símbolo da irracionalidade do homem – num altar sobre o qual a dignidade humana e o sacerdócio do irmão franciscano são exaltados para iluminar “este século difícil”, como dizia São João Paulo II.

 

Um roteiro de amor

                O amor incondicional é o sinal mais claro que distingue a vida de nosso santo mártir.

                Outras características suas são: o amor à Mãe de Deus, em primeiro lugar, que desde a infância encheu o coração do pequeno “Reymundo” e que durante a adolescência o levou a adotar o hábito franciscano; a dedicação com que realizou sua formação e estudos; a capacidade que tinha – apesar da pouca idade – de interpretar os acontecimentos daquele momento histórico decisivo; o amor pela fraternidade religiosa; a decisão de viver de maneira autêntica seu ser sacerdotal católico; o seu amor pela humanidade, atestado pelo seu trabalho incansável de evangelização no compromisso de moldar bem a consciência das pessoas do seu tempo; bem como o "dom" da "consagração a Maria Imaculada", oferecida à Igreja e ao mundo, através do zelo missionário e, por último, do amor total e inteiro ao martírio.

                Tudo isso não é apenas fruto da vontade humana, mas um itinerário virtuoso que testemunha a experiência do amor de Deus como motivação fundamental da vida do Santo Mártir.

 

Presença profética

                O profundo amor com que São Maximiliano consagrou a sua vida à Imaculada para "ser como ela" – e a doação permanente da sua vida aos irmãos – orientam profeticamente o sentido da nossa vida.

                A chave para ler esta profecia não é somente ser virtuoso (pois correríamos o risco de não o conseguir), mas sermos "amantes": crentes cheios de amor pelos outros. Este deve ser o nosso caminho cotidiano: gastar e dar-nos com generosidade, numa oferta agradável a Deus.

                A presença profética de Deus, vivida por São Maximiliano, nada mais é do que a presença do Amor de Deus feito história da salvação a favor dos homens do seu tempo.

                Como escreveu o Papa Francisco: “… a história mostra sinais de retrocesso. Conflitos anacrônicos que se consideravam superados são acesos, ressurgem nacionalismos fechados, exasperados, ressentidos e agressivos... e o bem, assim como o amor, a justiça e a solidariedade... devem ser conquistados todos os dias”(cf. Fratelli tutti, 11).

                Esta é a profecia: em um mundo movido por diversos sistemas de interesses egoístas e regimes desumanizadores, viva e testemunhe o amor, a caridade, a dignidade e a preocupação salvadora pelos outros.

 

Novas criaturas nas mãos da primeira criatura redimida

                Talvez nunca possamos realizar em nós um ato de consagração total à Imaculada, como o fez nosso Santo. Muitos mostraram, precisamente, que o seu não foi um simples ato devocional; Pessoalmente, gosto de considerar a sua consagração total à Imaculada Conceição como a mais sublime das devoções: um abandono total, existencial e performativo da nossa vida a Deus, a exemplo da Imaculada, que se deixou impregnar completamente pela ação do Espírito Santo.

                Portanto, não se trata apenas de ser altruísta neste “século difícil”, mas de sermos novas criaturas.

                Na primeira criatura resgatada pelos méritos do seu Filho, em Maria Imaculada, também nós podemos tornar-nos novas criaturas, renovando a nossa consagração batismal. Esta é a forma cristã de oferecer uma novidade de vida ao nosso século: tornar-nos pessoas novas para gerar um novo mundo.

                Que o Padre Kolbe nos ensine a não ter medo de sonhar, porque grandes coisas podem ser feitas com a Imaculada Conceição.

 

 Conclusão e saudação

                Ao terminar esta carta, desejo olhar com esperança e fé para o dom da santidade que Deus suscitou no seu servo São Maximiliano.

                Mas, acima de tudo, dirijo-me a todos aqueles – e são muitos – que o invocam e, com confiança, seguindo o seu exemplo, se consagram a Maria Imaculada para se deixar envolver num renovado compromisso de testemunhar o amor de Deus pela humanidade.

                Santo Irineu de Lyon diz que "a glória de Deus consiste em que o homem viva"; Nesta visão da grandeza da humanidade diante de Deus, podemos perceber como a caridade ativa é um caminho de dignidade para os nossos irmãos de todos os tempos. Um caminho que nos permite ser instrumentos de Deus nas mãos da Imaculada, morrer para nós mesmos e renascer para uma nova vida. A oferta de nossas vidas torna-se então o ato supremo com o qual realmente construímos a civilização do Amor.

                Saúdo todos os Irmãos da Ordem dos Frades Menores Conventuais e todas as pessoas que aqui peregrinaram para celebrar este significativo aniversário.

                Que o Senhor os encha com Seus Bens! A bênção de Deus e a proteção de nosso seráfico Pai São Francisco estejam com todos vocês.

 

Frei Carlos A. Trovarelli

Ministro Geral

 

Fonte: ofmconv.net

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