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21 Junho 2019

20 anos da memória de Frei Martinho: quando o Evangelho encontra no testemunho a essência da vocação franciscana

Escrito por  OFMConv-Notícias

Neste sábado, 22 de junho,  faremos memória aos 20 anos do encontro de Frei Martinho Maria (OFMConv.) com a Irmã Morte. O irmão Martinho, de origem simples e afroamericana, foi um verdadeiro exemplo de frade franciscano menor conventual. Vindo de Massachusetts, nos EUA, ele deixou um grande impacto espiritual e formativo no Brasil, principalmente na cidade de Andrelândia (MG), onde passou a maior parte de sua vida.

 

Vindo de uma família metodista, ele nasceu em 20 de março de 1918. O filho de William Ward e Clara Irby converteu-se ao catolicismo aos 19 anos de idade e, em 1942, aos 24 anos de idade, seguindo o chamado de Deus, ele decidiu ser sacerdote. Frei Martinho estudou latim, grego, filosofia e teologia. Foi ordenado sacerdote na Ordem dos Frades Menores Conventuais em 1955 e é enviado como missionário ao Brasil no mesmo ano.

 

Mesmo tendo trabalhado em outras cidades, como o Rio de Janeiro, ele se apaixonou mesmo por Andrelândia, uma pequena vila no sudeste de Minas Gerais. Lá, passou 22 anos de sua vida sacerdotal e foi onde deixou o seu legado, sendo conhecido por sua caridade, benevolência e, acima de tudo, a sua espiritualidade que exalava o carisma franciscano.

 

Quem o conheceu se apaixonou pela figura de um homem simples e amável que tinha em cada pequena brincadeira, uma grande lição. Sejam os frades que por ele foram formados, sejam os fiéis que com ele adoraram ao Santíssimo, ninguém esquece os ensinamentos que por ele foram deixados no coração.

 

Formador

Frei Martinho atuou muitos anos como professor no Colégio São Boaventura, em Andrelândia. Depois, retornou para lidar com o desafio de reabrir o Seminário São Francisco de Assis, onde ficou até a sua morte. Muitos frades brasileiros que hoje propagam o Evangelho segundo o carisma franciscano tiveram a sua formação realizada por ele. Frei Martinho não foi apenas um professor, mas também um amigo que, em fraternidade, marcou a vida de muitos para sempre.

 

Sua forma de lecionar se diferenciava dos outros mestres da época. Inovando, ele não se limitava apenas a transmitir o conteúdo, mas buscava chamar a atenção de seus discípulos ao que era mais importante. Não eram raras as piadas e os jogos de palavras que levavam os alunos às gargalhadas. No entanto, o seu objetivo com cada uma das brincadeiras foi o de ensinar, da melhor forma, aqueles que o ouviam. Por isso mesmo também cobrava (e muito) para que os formandos aprendessem.

 

 

Fazia questão de participar dos encontros vocacionais. Frei Martinho conquistava os vocacionados com o seu carisma e também com o seu testemunho. Vindo de uma família simples e ainda afroamericano, ele teve muitas dificuldades para percorrer o caminho. Deixava claro que para eles a persitência seria necessária para continuarem em direção ao chamado de Deus, assim como foi para si mesmo, que não tinha dinheiro para se manter estudando e a frágil saúde deixavam tudo ainda mais difícil. No entanto, Frei Martinho não desistiu e a sua perseverança o levaram a se tornar um modelo em minoridade e fraternidade.

 

O bom-humor que amenizava a rotina (por vezes dura e maçante) da formação fez crescer e frutificar em seus alunos o amor entre os seus. Ele acolhia as pessoas com alegria e as instruia para a paz e para o bem. Sendo um fiél devoto de Maria e de forte espiritualidade eucarística, Frei Martinho também era um grande confessor. “Ele aproximava as pessoas do Sagrado e do Saber, ricos e pobres, por atração, simpatia e familiaridade”, explicou o Frei Ronaldo Gomes (OFMConv.), atual custódio da Custódia Provincial Imaculada Conceição do Brasil e que outrora fora discípulo do frade de amável simplicidade franciscana.

 

Sobre os frutos plantados por Frei Martinho e regados pelo Espírito Santo de Deus no coração de cada um dos frades vocacionados, o Frei Ronaldo falou, “          ele pode fazer crescer em cada um de nós o Sentido de Fraternidade Universal, o sentir-se verdadeiramente irmão\ã (tão próprio do Carisma Franciscano). A todos, homens e mulheres, Frei Martinho se dirigia chamando-os fraternalmente de ‘Compadre e Comadre’. Com esta expressão ele conseguia expressar para com todos o quanto era próximo, familiar, mesmo quando precisava fazer alguma correção ou mesmo chamar à atenção de alguém”, disse.

 

 

O Evangelho expresso na real forma do Franciscanismo: a doação de si mesmo

Trabalhar pelo próximo foi a profissão de Frei Martinho e ele a exercia de diversas formas: lecionando, auxiliando os que foram chamados, confessando os que precisavam de perdão e também na caridade para com os enfermos. Por muitos anos ele exerceu o Ministério de Capelão na Casa de Misericórdia (até então único hospital) em Andrelândia. Lá, ele iniciava muitas vezes a celebração da Santa Missa logo cedo, às 05 da manhã.

 

Buscava consolar os aflitos, minimizar os sofrimentos dos doentes e acompanhar sobretudo os pobres, necessitados e moribundos. Atender aqueles que precisavam era uma marca dele, como afirma o Frei Ronaldo “Em convento, nunca se ouviu dizer que o mesmo se negasse, quando solicitado, a visitar um doente, ouvir uma confissão e, mesmo celebrar a Santa Missa de Exéquias para o conforto das famílias e o sufrágio dos defuntos”.

 

A herança daquele que honrou o legado de São Francisco

Na Parábola do Semeador, Cristo diz que “a semente que caiu em terra boa representa a pessoa que ouve a mensagem e a compreende. Essa pessoa cresce e produz muitos frutos, algumas vezes trinta, outras sessenta e outras ainda cem vezes mais” (Mateus 13, 23). Assim também deve ser o seguidor do Evangelho. Frei Martinho foi um exemplo de semente que caiu em terra boa. Ouviu o chamado e, inicialmente, se converteu ao Catolicismo. Continuou seguindo Deus chamar pelo seu nome e tornou-se sacerdote. Ele acolheu o Evangelho e, apesar de todas as dificuldades, confiou. Ele acolheu aqueles que precisavam do Evangelho e a eles nunca negou o auxílio. Frutificou no próximo o Amor de Cristo e a simplicidade franciscana.

 

 

Como professor, ensinou a fraternidade universal. Como sacerdote, viveu o Amor à Eucaristia. Como católico seguiu a pureza Mariana. Como ser humano, amou a cada um mais do que a si mesmo. Como frade exerceu o franciscanismo na minoridade e na caridade. Podemos compreender isto pelas palavras de Frei Ronaldo, “a maior herança de Frei Martinho para todos nós, religiosos e leigos, foi a fidelidade e humildade franciscana com que viveu a vida toda até o último momento. Recordando que ele mesmo pediu para ficar em solo andrelandense – mineiro-brasileiro, após a sua morte”, afirmou ele.

 

Ainda nos dias de hoje, Frei Martinho atrai muitos irmãos e irmãs a visitarem o seu túmulo. Sua obra deixa claro como ele se aventurou à essencia de sua missão tendo se identificado com aqueles que decidiu servir em Andrelândia. “Muitos vem só para aliviar seus corações angustiados e, ou em busca de sua intercessão com relação a algum problema particular vivido. - Querem sentir a inspiração deste confrade, amigo, pai, conselheiro, ‘Compadre’”, concluiu o Frei Ronaldo.

 

Celebração e memória de um verdadeiro exemplo

Para fazer memória aos 20 anos do encontro de Frei Martinho com a Irmã Morte, será celebrada amanhã (22), às 10h, na Capela do Seminário de Andrelândia (MG), uma Santa Missa. A Eucaristia será presidida pelo Frei Lindomar (OFMConv.). Como dizia o próprio Frei Martinho, "Laus Deus semper” (Louvado seja Deus sempre).

 

 

Informações: Frei Ronaldo Gomes (OFMConv.). 

Texto: Mateus Lincoln

 

Saiba mais sobre Frei Martinho: 

  • BIOGRAFIA: Frei Martinho, um autêntico amante da Imaculada e modelo de Frade Menor Conventual; 
  • Frei Martinho, um autêntico amante da Imaculada e modelo de Frade Menor Conventual;
  • Memória Custodial: Frei Martinho de Porres

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